A psicopatologia é o ramo científico que se dedica ao estudo dos transtornos mentais, buscando compreender sua natureza, causas e manifestações. Essa disciplina procura ser sistemática, elucidativa e desmistificadora, fornecendo conhecimentos sobre o adoecimento mental humano. Como ciência autônoma, a psicopatologia não se confunde com a neurologia, neuropsicologia ou psicologia, embora se beneficie de suas contribuições.
A psicopatologia, como ciência dos transtornos mentais, requer um olhar objetivo e livre de julgamentos morais. Seu objetivo é observar, identificar e compreender os diversos elementos que compõem os transtornos mentais. Nesse sentido, rejeita dogmas e verdades pré-concebidas, promovendo um debate constante sobre seus postulados e noções. Embora baseada em tradições médicas, humanísticas e universitárias, a psicopatologia mantém sua autonomia.
Os sintomas psicopatológicos são estudados considerando tanto sua forma quanto seu conteúdo. A forma dos sintomas está relacionada à estrutura básica, que tende a ser semelhante em diferentes pacientes e culturas. Já o conteúdo dos sintomas é mais pessoal e depende da história de vida, personalidade e contexto cultural de cada indivíduo. Os conteúdos dos sintomas refletem temas universais da existência humana, como sobrevivência, sexualidade, temores básicos e religiosidade, contribuindo para a compreensão das experiências psicopatológicas.
A psicopatologia distingue três tipos de fenômenos humanos:
Fenômenos semelhantes em todas ou quase todas as pessoas, que são experiências básicas comuns a todos os seres humanos, como fome, sede, sono e medo de animais perigosos. Essas experiências têm uma qualidade pessoal, mas são essencialmente semelhantes para todos.
Fenômenos em parte semelhantes e em parte diferentes, que ocorrem tanto em pessoas comuns como em pessoas com transtornos mentais. Por exemplo, a tristeza é uma experiência comum, mas a depressão psicótica apresenta alterações profundas, como ideias de ruína e lentificação psicomotora, introduzindo algo novo na experiência humana.
Fenômenos qualitativamente novos, distintos das vivências normais, que são específicos de doenças, transtornos mentais e estados mentais. Esses fenômenos incluem alucinações, delírios, turvação da consciência e alteração da memória nas demências, entre outros.