QUEM FOI EMIL KRAEPELIN?

Kraepelin cresceu no seio de uma família culturalmente rica, embora seu pai, que era ator, cantor de ópera, professor de música e recitador, fizesse uso abusivo de álcool. Seus pais se separaram em 1870, e, tendo apenas 14 anos, Kraepelin permaneceu sob a tutela de sua mãe. Durante sua vida toda, esteve em contato com seu irmão mais velho, Karl, que se tornou professor de botânica e, posteriormente, diretor do Museu Zoológico de Hamburgo.

Em 1871, durante o serviço militar, ficou noivo de Ina Schwabe, com quem se casou em 1874, iniciando, nesse mesmo ano, seus estudos em medicina. Dois anos depois, Kraepelin mudou-se para Leipzig para trabalhar no laboratório de psicologia experimental de Wilhelm Wundt. Em 1878, finalizou seu curso na Universidade de Wurzbug, cujo trabalho de pesquisa deu origem à tese intitulada “O lugar da psicologia na psiquiatria”.

Recém-formado, tornou-se médico no asilo do distrito da Alta Baviera, em Munique. Aos 27 anos, publicou a primeira edição de seu “Compendium de Psiquiatria” (1883), obra reescrita durante trinta anos. Publicado em formato de bolso, esse livro, contendo 380 páginas, obteve rapidamente fama internacional. Em 1885, Kraepelin publicou seu artigo “Sobre a psicologia do cômico” no jornal Philosophische Studien, editado em Leipzig por Wundt. Esse breve artigo foi citado pelo filósofo Henri Bergson em sua obra “O Riso” (1900) e mencionado por Freud cinco anos depois, em seu livro “Os Chistes e Sua Relação com o Inconsciente” (1905).

Após um curto período de trabalho em Leubus (na Silésia, sudoeste da Polônia) e em Dresden, Kraepelin foi nomeado, em 1886, professor de psiquiatria na Universidade Russa Imperial de Dorpat (atual cidade de Tartu, na Estônia), onde permaneceu até retornar à Alemanha em 1891. Nos 13 anos que se seguiram, atuou como professor na Universidade de Heidelberg. No ano de 1903, mudou-se para Munique, seguido de Alois Alzheimer, assumindo a cadeira de psiquiatria da universidade, além de dirigir a nova clínica universitária: a Königliche Psychiatrische Klinik. Nessa clínica, eram recebidos cerca de mil pacientes por ano, além de numerosos médicos visitantes, proporcionando ao estabelecimento uma fama internacional. No final desse mesmo ano, Kraepelin, ao lado de seu irmão, Karl, fez uma viagem para Java, ilha da Indonésia, onde realizou exames sobre a população local e escreveu um livro sobre a psiquiatria transcultural, “Psychiatry from Java”, publicado em 1904.

Em 1918, Kraepelin criou o Instituto Alemão de Pesquisa Psiquiátrica, futuro Instituto Max Planck de Psiquiatria, graças a um financiamento generoso de James Loeb, um banqueiro judeu germano-estadunidense. No período de 1909 a 1926, foi indicado em oito ocasiões para o Prêmio Nobel em razão da importância teórica de seu trabalho e da consequente ampliação de pesquisas, o que contrastava com sua reduzida elegibilidade, haja vista a carência de resultados práticos e de evidências concretas. Faleceu em 1926, vítima de pneumonia, e está sepultado no Cemitério das Montanhas, em Heidelberg.

CONTRIBUIÇÕES

Kraepelin, considerado o pai da psiquiatria científica moderna, tem seus estudos e pesquisas enraizados na essência da psiquiatria atual, determinando, inclusive, suas classificações. Sua obra monumental, mencionada anteriormente, traz para o início do século XX um rico conteúdo sob o qual foi construída toda a nosologia psiquiátrica a partir de elementos anatomopatológicos objetivos, anulando a causalidade e hipóteses subjetivas. Observador rigoroso e disciplinado, Kraepelin direcionou toda a sua pesquisa para catalogar e estudar o curso e a evolução da doença nervosa, bem como nortear tanto seu diagnóstico quanto seu tratamento. Apesar dessa visão organicista e taxonômica, que lhe rendeu o atributo de “rotulador” por alguns, acentuava o espaço para o estudo da história pessoal e social de seu paciente.

O início promissor de sua atuação profissional se deu no laboratório de psicologia experimental do grande mestre Wilhelm Wundt, quando frequentou, em 1876, um curso em Leipzig e, por consequência, passou a estagiar naquele laboratório, acontecimento decisivo para a sua carreira. No ano de 1878, após a conclusão do curso de medicina, aprendeu as técnicas experimentais, utilizando-as para desenvolver estudos sobre os efeitos do álcool e outras condições fisiológicas, particularmente as das doenças.

REFERÊNCIA (FIM DA FOLHA) A partir da segunda edição do “Compendium de Psiquiatria” (1887), a obra passou a se chamar “Psychiatrie: Ein Lehrbuch fir Studierende und Aerzte” (Psiquiatria: livro didático para estudantes e médicos) e teve nove edições revisadas e ampliadas (entre 1883 e 1927), sendo oito em vida do autor.

Fonte: História da Psiquiatria – Século XX… em diante Parte III
Autores: Marcos de Jesus Nogueira – Maurício Eugênio Oliveira Sgobi
Editora: Cubo

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