SÍNDROME DE EROTOMANIA SEGUNDO CLÉRAMBAULT

Nascido em La Bourges, próximo a Paris, em 2 de julho de 1872, possuía saúde muito debilitada, em especial na infância. Recebeu forte educação religiosa, sobretudo católica, com influente participação na igreja frequentada pela família.

A pedido de seu pai e conforme tradição familiar, Clérambault estuddou direito e, somente após a graduação, iniciou seus estudos em medicina. Orgulhava-se por seu grau de parentesco com Descartes pelo lado paterno.
Contemporâneo de Freud, cuja linha de pensamento não o cativara, mantece-se firme em seus propósitos organicistas, tendo sido influenciado pelo pensamento mecanicista, convebendo a alucinação como um fenômeno mecânico a partir do qual o delírio viria a ser constituido.

Seu primeiro trabalho no âmbito da psiquiatria sobre alucinações fou publicado em 1909. Clérambault introduziu o termo “automatismo mental” e foi também responsavel por sugerir que este seria a base e a forma inicial de todas as psicoses alucinatórias crônicas, a partir de uma causa histológica. Clérambault dividiu o automatismo mental em três tipos: associativo, sensível e motor. A essa síndrome, referente a delirios de controle externo, foi dado o nome de síndrome de Kandinsky-Clérambault, sendo uma entidade de clínica confusa em que o paciente acreditava que sua mente estava sendo controlada por outra pessoa ou por forças externas. A síndrome foi nomeada conjuntamente com o médico russo Victor Khrisanfovich Kandinsky (1849-1889).

Clérambault dedicou-se também à prática médico-legal na Enfermaria Especial da prefeitura de Polícia de Paris durante os seus quase 30 anos de atividade profissional, trabalhando com pacientes recolhiddos nas ruas parisienses por variadas transgressões, doentes mentais ou não. os pacientes ali designados, após examinados por Clérambault, poderiam ser conduzidos à prisão, liberados ou encaminhados para algum hospital psiquiátrico da cidade. Nesse espaço público, também deesenvolveu importantes trabalhos de pesquisa, alguns deles considerados inéditos, sobretudo em relação às psicoses tóxicas e à erotomania, esta, mais conhecida por síndrome de Clérambault, que se caracterizava por uma condição em que uma pessoa ficava iludida em razão de determinado indivíduo de status social mais alto estar apaixonado por ela. Essa condição foi descrita por Clérambault em um estudo intitulado “Les psychoses passionelles” (1921).

Clérambault dedicou-se igualmente aos estudos sobre a psicose tóxica e suas deescrições. Seu primeiro trabalho sobre essa temática foi publicado em 1907, tratando do álcool na obra “Embriaguez Psíquica com Transformação da Personalidade Segundo P.Garnier”, referindo-se à convicção apresentada pelo indivíduo embriagado de ser outra pessoa, de grau social elevado e que, nesse estado, cometia os piores atos. Publicou também artigos sobre o Cloral em 1909, o éter em 1910 e o alcoolismo em 1911.

Com relação a esse último artigo, algumas descrições foram consideradas, na época, como inéditas. Foi citado por Henri Ey (2006,p.89) como sendo um “doutrinário mecanicista”, contudo Ey considerava a teoria do automatismo mental sugerido por Clérambault como uma teoria organicista.

O médico francês era uma figura bem-educada e bem-sucedida não apenas na medicina, mas também na arte, sendo considerado um admirável crítico. Muitas de suas pinturas estão em museus, assim como seus modelos de roupas orientais. Ele tirou aproximadamente 30 mil fotografias entre 1914 e 1918, algumas como parte de um projeto de pesquisa sobre os sintomas da histeria, e grande parte de sua coleção de fotografias pode ser encontrada no Musée de l’Homme, na capital francesa. Ainda, ele ensinou sobre a arte de fantasias drapeadas na École des Beaux-Arts, em Paris.

Retrato de um erotomaníaco de 22 anos, hospitalizado em 1843. Erotomania ou Síndrome de Clérambault – descrita por Clérambault no estudo: “Les psychoses passionelles” (1921). A erotomania está listada no DSM-5, como um subtipo de transtorno delirante.

Fonte: História da Psiquiatria – Século XX… em diante Parte III
Autores: Marcos de Jesus Nogueira – Maurício Eugênio Oliveira Sgobi
Editora: Cubo

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